Fernando Mendes, antigo lateral esquerdo do Futebol Clube do Porto (1996-1999), este ano, alguns anos depois de terminar a carreira, decidiu escrever um livro, onde entre outros assuntos aborda a sua passagem pelo nosso clube.
Recordo a sua raça em campo, que hoje em dia pouco se vê dentro das quatro linhas e louvo-lhe a frontalidade de hoje que é a mesma de quando ainda era jogador.
Apresento dois excertos, do capitulo sete – FC Porto: A descoberta de um clube fantástico, que demonstram o que era o nosso Futebol Clube do Porto para se poder comparar com o que agora não é… Tudo bem que o Porto entretanto cresceu e é hoje um clube bem maior e não precisa tanto de recorrer a extremos, no entanto um pouquinho apenas daquela mística à antiga faz hoje em dia muita falta!! Senão leia-se:
“No jogo da segunda ronda da fase de grupos, o Milan foi as Antas a necessitar de uma vitória, mas o jogo terminou 1-1 e eles ficaram numa posição muito fragilizada. No final do encontro, George Weah ainda tinha a memória fresca e a mão engessada por causa do incidente com Jorge Costa. Já nos balneários, resolveu retribuir a gentileza de uma forma violentíssima. Deu uma forte cabeçada no rosto do Jorge Costa e deixou-o lavado em sangue. A partir desse momento, deu-se uma verdadeira batalha campal nos balneários das Antas. Antes disso, ja tinha participado em algumas confusões nos outros clubes onde joguei, mas nunca tinha feito parte de nada deste género. A união e raiva eram tão fortes que até os perseguimos com paus. Aquilo durou tempo suficiente para ver os jogadores do Milan em pânico, aos gritos, a fugirem de nós. Não é nenhum motivo de orgulho, mas foi uma sensação poderosa ver toda a equipa junta a querer defender o seu colega. «Ninguém nos faz mal e fica sem resposta», era esse o lema do Porto.”
"Lembro-me da mística que sentíamos durante algumas palestras antes de jogos no Estádio da Luz. Às tantas o treinador dizia: «Estes gajos do Sul querem-nos matar, estão todos contra nós. Temos de ir lá para dentro dar cabo deles.» A lavagem era tão grande que até eu, que nasci em Setúbal, dava por mim a dizer a mesma coisa: «Pois é, estes filhos da puta do Sul vão paga-las.» Quando entrávamos em campo só nos apetecia bater-lhes e derrota-los. A raiva existente num jogo entre Porto e Benfica não tem comparação com a que se vive num jogo entre Benfica e Sporting. Há um ódio de morte antes, durante e depois daquele jogo. Era fantástico poder estar nesses duelos, tanto de um lado como do outro, embora tenha sentido mais no Porto por poder ser titular.
Apesar de ser Sportinguista, digo, sem qualquer problema, que o Porto ocupa um lugar especial no meu coração. E sei que esse amor e retribuído. Na época seguinte a minha saída, regressei aquele estádio (novamente com a camisola do Belenenses). A poucos minutos do fim saí do banco de suplentes para substituir um colega. Jorge Costa, então capitão do Porto, foi receber-me à linha enquanto todo o estádio estava de pé a aplaudir-me. São momentos como este que marcam a vida de um futebolista."
E era assim o FC Porto... E assim era Fernando Mendes... a provar que não é preciso ser portista desde pequenino para encarnar o espírito do Dragão, o que é preciso é que haja lá dentro, no clube, quem incuta esse espírito...
Recordo a sua raça em campo, que hoje em dia pouco se vê dentro das quatro linhas e louvo-lhe a frontalidade de hoje que é a mesma de quando ainda era jogador.
Apresento dois excertos, do capitulo sete – FC Porto: A descoberta de um clube fantástico, que demonstram o que era o nosso Futebol Clube do Porto para se poder comparar com o que agora não é… Tudo bem que o Porto entretanto cresceu e é hoje um clube bem maior e não precisa tanto de recorrer a extremos, no entanto um pouquinho apenas daquela mística à antiga faz hoje em dia muita falta!! Senão leia-se:
“No jogo da segunda ronda da fase de grupos, o Milan foi as Antas a necessitar de uma vitória, mas o jogo terminou 1-1 e eles ficaram numa posição muito fragilizada. No final do encontro, George Weah ainda tinha a memória fresca e a mão engessada por causa do incidente com Jorge Costa. Já nos balneários, resolveu retribuir a gentileza de uma forma violentíssima. Deu uma forte cabeçada no rosto do Jorge Costa e deixou-o lavado em sangue. A partir desse momento, deu-se uma verdadeira batalha campal nos balneários das Antas. Antes disso, ja tinha participado em algumas confusões nos outros clubes onde joguei, mas nunca tinha feito parte de nada deste género. A união e raiva eram tão fortes que até os perseguimos com paus. Aquilo durou tempo suficiente para ver os jogadores do Milan em pânico, aos gritos, a fugirem de nós. Não é nenhum motivo de orgulho, mas foi uma sensação poderosa ver toda a equipa junta a querer defender o seu colega. «Ninguém nos faz mal e fica sem resposta», era esse o lema do Porto.”
"Lembro-me da mística que sentíamos durante algumas palestras antes de jogos no Estádio da Luz. Às tantas o treinador dizia: «Estes gajos do Sul querem-nos matar, estão todos contra nós. Temos de ir lá para dentro dar cabo deles.» A lavagem era tão grande que até eu, que nasci em Setúbal, dava por mim a dizer a mesma coisa: «Pois é, estes filhos da puta do Sul vão paga-las.» Quando entrávamos em campo só nos apetecia bater-lhes e derrota-los. A raiva existente num jogo entre Porto e Benfica não tem comparação com a que se vive num jogo entre Benfica e Sporting. Há um ódio de morte antes, durante e depois daquele jogo. Era fantástico poder estar nesses duelos, tanto de um lado como do outro, embora tenha sentido mais no Porto por poder ser titular.
Apesar de ser Sportinguista, digo, sem qualquer problema, que o Porto ocupa um lugar especial no meu coração. E sei que esse amor e retribuído. Na época seguinte a minha saída, regressei aquele estádio (novamente com a camisola do Belenenses). A poucos minutos do fim saí do banco de suplentes para substituir um colega. Jorge Costa, então capitão do Porto, foi receber-me à linha enquanto todo o estádio estava de pé a aplaudir-me. São momentos como este que marcam a vida de um futebolista."
E era assim o FC Porto... E assim era Fernando Mendes... a provar que não é preciso ser portista desde pequenino para encarnar o espírito do Dragão, o que é preciso é que haja lá dentro, no clube, quem incuta esse espírito...