terça-feira, 23 de agosto de 2011

Ainda o negócio Falcao

A cláusula de rescisão de Falcao era de 45 milhões de euros. O Atlético de Madrid acabara de vender Aguero ao Manchester City por 45 milhões de euros e estava no mercado para comprar um novo avançado.

Aparentemente, seria fácil fechar o negócio.

Mas isso é esquecer que, com razão ou sem ela, Aguero tem mais cotação internacional do que Falcao. Logo, a direção do Atlético teria dificuldade em justificar perante si mesma e perante os associados gastar com o novo jogador todo o dinheiro que ganhara com a venda do antigo.

O Atlético não aceitava pagar 45 milhões e o FC Porto, tendo em vista proteger a sua reputação negocial em negócios futuros, recusava prescindir da cláusula de rescisão.

Foi então que o FC Porto avançou uma proposta surpreendente: o Atlético pagaria 45 milhões por Falcao e receberia Ruben Micael grátis. Mais surpreendentemente ainda, o Atlético aceitou.

Que se passou aqui? No seu livro Predictably Irrational, Dan Ariely recorda uma campanha de angariação de assinantes em que The Economist propunha três alternativas:

1. Assinatura online por US $59.

2. Assinatura da revista em papel por US $125.

3. Assinatura da revista em papel mais online por US $125.

Estão a ver a semelhança? Ora bem, Ariely propôs a um grupo de alunos escolherem apenas entre as duas primeiras alternativas e a um outro entre as três.

No primeiro grupo, 68% dos alunos optaram pela alternativa 1, contra 32% pela 2. Todavia, no segundo grupo, 16% optaram pela alternativa 1, 0% pela 2 e 84% (!) pela 3.

A escolha dos potenciais assinantes da revista é aparentemente irracional, tal como foi a do Atlético no negócio de Falcao.

Todavia, é preciso ter em conta que a transação acordada salvou a face ao Atlético, permitindo-lhe fantasiar que comprara Falcao por 40 milhões e Ruben (un internacional português) por 5, mesmo que não necessitasse para nada deste último.

Quanto ao FC Porto, conservou uma reputação de negociador intratável, dispensando um jogador que, apesar do seu valor, não tem de momento lugar no plantel (sem esquecer que poupou o dinheiro do seu vencimento).

Vale a pena entender os mecanismos psicológicos em jogo nesta negociação, na medida em que nos revelam a inutilidade das teorias da oferta e da procura para explicarem o modo como de facto os preços se formam no mercado.

Por


4 comentários:

  1. Compreendo o que querem passar, mas continuo sem entender este negócio, após o que o Pinto da Costa disse, em entrevista, no Porto Canal.

    Tal como o negócio do Alex Sandro e do Danilo, isto não passa de uma forma de lavar algum dinheiro. Se não, vejamos...

    Alex Sandro e Danilo custaram 9,6M€, o primeiro, 13M€, o segundo. Isto após o Porto fazer um acordo com um dos grandes bancos brasileiros, que, só por acaso, é o principal patrocinador do Santos, clube que usufruía dos serviços desportivos dos jogadores em questão.

    Coincidências? Não me parece...

    Fica agora por saber onde irá acabar este dinheiro recebido pelo Falcao e o Ruben.

    Saudações Portistas.

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  2. @ anónimo 10:10

    o teu comentário só demonstra inveja (pelo patrocínio do banco brasileiro) e ignorância (dado que a venda dos passes de Falcao e Ruben Micael servirá, no meu entender, para amortizar o investimento desta época - e com o "lucro" da cláusula de rescisão do £ibras-Boas).

    como eu também não acredito em coincidências, tu só poderás ser daquele clube dos oito milhões e meio... por Roberto. como é que explicas esse negócio?
    (vou ficar à espera, sentado, pela tua resposta).

    «este é o nosso destino»: «a vencer desde 1893»!

    saudações desportivas mas sempre pentacampeãs! ;)

    Miguel | Tomo II

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  3. O paralelismo 'e idiota e nao se aplica a este caso:

    - De acordo com o post, o objectivo do Atletico era salvar a face, nao poupar no negocio Falcao;
    - O valor do RM nao 'e zero, nem se trata de um jogador redundante relativamente a Falcao

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  4. Bem, uma fiz o entendimento contrário, o Porto e o presidente tiveram de salvar a face. Quando não queremos tricas internas, nada como arranjá-las lá fora...

    E os 30ME de cláusula do RM? Evaporaram-se. Isto se fosse escrito por um benfiquista dava para rir. De um portista dá para chorar. Mas (ou porque) imita a idioticie na perfeição.

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